segunda-feira, 22 de novembro de 2010

A Sangue Frio

Desde o começo do curso de Jornalismo ouvi falar do livro A Sangue Frio, de Trumam Capote, e finalmente chegou a hora de lê-lo.
Como Matinas Suzuki Jr. escreve no profácio do livro, Trumam Capote "leu nas páginas do The New York Times a notícia em uma coluna do assassinato de um fazendeiro e sua família em algum lugar remoto de estado do Kansas. Em princípio, o título da notícia não despertou interesse especial em Capote. Mas, depois de remoer a história em sua cabeça por um dia e meio, viu ali a oportunidade que procurava para realizar um projeto que marcaria para sempre as relações entre o jornalismo e a literatura."
O início de A Sangue Frio se dá com o dia anterior ao assassinato de todos os envolvidos: o senhor e a senhora Clutter, seus filhos Kenyon e Nancy, e os assassinos, Perry e Dick. Depois conta sobre o assassinato e por fim sobre as dificuldades que os detetives tiveram para conseguirem prender Perry e Dick e o tempo que esses passaram presos até que fossem mortos, após o julgamento.
Todas essas etapas são bem explicadas e detalhadas, como se o autor do livro tivesse participado de cada um daqueles momentos descritos, o que me deu uma sensação estranha durante um bom tempo da leitura. Embora a obra seja sobre um fato real, muitas vezes me parecia que tudo não bastava de uma história inventada por Capote.
Essa foi uma impressão do livro que me faz estar escrevendo sobre ele aqui no PITACOS PERTINENTES. O outro motivo pelo qual estou escrevendo é porque, no início do livro, a descrição de uma boa família religiosa e rica do estado de Kansas que é assassinada impiedosamente por dois criminosos que há pouco tempo tinham saído da prisão, me fez odiar Perry e Dick e ter uma empatia com a família Clutter. Porém, com o desenrolar da história, a apresentação da vida dos dois assassinos até chegarem ao dia em que mataram a família e depois todo o tempo que passaram presos até o julgamento e todos os anos que ficaram exilados até o dia em que a sentença foi cumprida, fez com que a morte da família se tornasse menos importante e toda a minha empatia fosse transferida para os assassinos, principalmente para Perry. (Depois eu descobri que isso talvez se devesse a uma manipulação de Capote, pois o próprio autor passou a criar vínculos e afeto com os criminosos e há boatos de um possível relacionamento com Perry).
Tudo isso mostra o excelente trabalho de Capote, como um jornalista, que apurou e invetigou todos os fatos para apresentar a história como ela realmente aconteceu, e como escritor, que sem se apresentar na narrativa, fez com que os leitores fossem levados pela sua descrição a ponto de criar afeto por dois indivíduos desprezíveis.
Eu fiquei impressionada com o livro, gostei muito e acho que ainda ficarei alguns dias pensando nele, em tudo que li.

Indico a todos, sendo jornalistas ou não.


Família Clutter


Richard Hickock (Dick) e Perry Smith


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